Different Dreams - Um pouco mais sobre a História

O drama se passa entre as décadas de 20 e 30, em Gyeongseong  (chamada de Keijō pelos japoneses e significa “cidade capital murada”), que era um distrito administrativo da Coreia, sob o domínio japonês, que hoje corresponderia à cidade de Seul, capital da Coreia do Sul. Lembremos que nessa época a Coreia ainda não era dividida em Sul e Norte, o que só ocorreu oficialmente em 1948, após o fim da Segunda Guerra Mundial. A ocupação japonesa foi iniciada em 1910, após a queda do Império Coreano e perdurou até o final da Segunda Grande Guerra em 1945. Quem assistiu Mr. Sunshine (tem no Kingdom), por exemplo, e tantos outras produções cinematográficas, sabe que essa ocupação foi bastante sangrenta e violenta, das formas mais grotescas possíveis, fazendo com que o povo coreano fosse escravizado tanto fisicamente como culturalmente, até o ponto de perderem sua identidade cultural, com o banimento da língua coreana, canções nacionais proibidas, obrigatoriedade de dar o nome de origem japonesa para os filhos e uma série de outras imposições culturais forçadas.

No dia 19 de março de 1919 houve um levante contra a ocupação japonesa na Coreia. Às 2 da manhã do dia do movimento, 33 nacionalistas que compunham o núcleo do Movimento Samil (como era chamado esse movimento, uma referência ao número 3, março, e ao número 1, dia 1º) se reuniram no restaurante Taehwagwan em Gyeongseong para ler a Declaração de Independência da Coreia. Os coreanos saíram às ruas, marchando e gritando “Manse!”, que significa “viva a Coreia” ou “que a Coreia viva 10.000 anos”. 

   

Foi uma das primeiras manifestações abertas contra o domínio japonês e até hoje esse dia é comemorado na Coreia do Sul, com hasteamento da bandeira nacional nas casas e pontos comerciais (é feriado nacional). Esse movimento é mencionado no drama e foi completamente reprimido pelas forças militares japonesas durante o período de 12 meses, com prisão e tortura sem julgamento de milhares de coreanos. No entanto, algumas mudanças ocorreram na política imperialista japonesa, como a substituição da polícia militar por uma força civil, houve uma liberdade de imprensa limitada, e às mulheres foi permitida uma certa liberação com publicação de jornais direcionados a elas. O Movimento Primeiro de Março foi um catalisador para o estabelecimento do Governo Provisório Coreano, que é mencionado no drama sob a sigla de KPG (em inglês Korean Provisional Government) em Xangai, no dia 13 de abril de 1919.

O KPG foi um governo provisório, estabelecido inicialmente em Xangai, na China, não formalmente reconhecido pelas grandes potências mundiais, porém acolhido pelo Governo Nacionalista da China e alguns outros países em exílio. Com o assassinato de Kim Lip (ativista da independência da Coreia assassinado pela polícia secreta) e o sumiço de 600.000 rublos (moeda russa), que haviam sido dados pelo governo russo para financiar o KPG, os conflitos ideológicos (embate entre diplomacia e luta armada) dentro do próprio KPG explodiram. Importante mencionar o movimento chamado Comintern, a Internacional Comunista, que foi uma organização internacional criada por Lenin (político comunista russo) em março de 1919, no intuito de reunir os partidos comunistas de diversos países, que era francamente anticapitalista e apoiava governos oprimidos como o KPG, através do fornecimento de armas, fundos e conselheiros. Essa organização também é mencionada no drama. Rhee Syng Man (1º presidente do KPG), Ahn Chang Ho (ativista da independência da Coreia e também um dos fundadores do KPG), and Yi Dong Hwi (político socialista e segundo Primeiro Ministro do KPG) foram mencionados no drama como tendo deixado o KPG (por conflitos ideológicos), deixando lugar para o político ativista Kim Gu, que na época do drama era comissário, depois ministro do interior e em seguida presidente do KPG (posteriormente ele foi de novo presidente, nos últimos anos desse governo). Em 1931 ele fundou, junto com outros importantes ativistas, a Organização Patriótica da Coreia, uma organização secreta antidomínio japonês, que tinha o objetivo de assassinar líderes e autoridades japonesas. Tinha cerca de 80 membros, a maioria jovens ativistas. A esta organização se juntou  , líder do Exército da Libertação da Coreia (o nosso amado, lindo e cheiroso protagonista, interpretado maravilhosamente pelo meu marido número 1 Yoo Ji Tae), na luta armada contra o do jugo japonês. No entanto, entre estas organizações começaram a surgir conflitos que são retratados no drama, de modo que nesse início do drama os ânimos estão exaltados entre elas e há desconfiança de ambos os lados. 

    

O Exército da Libertação tinha uma ordem composta de 10 artigos (uma espécie de “mandamentos” da organização), são eles:

1.    Buscamos agressivamente todos os atos de justiça.

2.    Sacrificamos nosso corpo e vida pela independência coreana e igualdade mundial.

3.    Nós apenas selecionamos membros de espírito leal e mente compassiva.
4.   Tomamos o objetivo do Exército como prioridade e prontamente executamosas metas de seus membros.

5.    Selecionamos um líder de caráter correto para representar o Exército.

6.    Apresentamos mensalmente um relatório de status, onde ou quando o Exército estiver.

7.    Somos obrigados a nos reunir a pedido de um membro do Exército.

8.    Continuamos vivos para cumprir o objetivo do Exército.

9.    Como membros, nos dedicamos ao Exército e o Exército se dedica a cada um de nós.